14 Junho 2023
A mortalidade da floresta amazônica tem sido apontado como um possível ponto de inflexão climático, embora apenas uma pequena minoria de modelos de sistemas terrestres estivesse projetando a mortalidade.
A reportagem é de University of Exeter, publicada por EcoDebate, 13-06-2023. A tradução e edição são de Henrique Cortez.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Exeter mostra que essa situação agora mudou. Entre os mais recentes Modelos do Sistema Terrestre que simulam mudanças no carbono florestal, a maioria dos modelos agora produz eventos de morte devido às mudanças climáticas na Amazônia.
Estudos anteriores sugeriram que, uma vez que o ponto de inflexão fosse ultrapassado na Amazônia, toda a região sofreria uma severa mortalidade florestal, mas o novo estudo – publicado na revista Earth System Dynamics – descobriu que muitos dos modelos mais recentes projetam eventos de mortalidade florestal localizados.
A equipe de pesquisa, da Universidade de Exeter, diz que, embora não corramos o risco de perder toda a floresta amazônica apenas devido às mudanças climáticas, a morte localizada ainda teria consequências graves para as comunidades e ecossistemas locais.
“Embora vejamos pouca mudança no carbono florestal na Amazônia, cinco dos sete modelos que estudamos mostram eventos de extinção abrupta localizados sob o aquecimento global”, disse a principal autora Isobel Parry, do Departamento de Matemática e Estatística de Exeter.
“É importante lembrar que até mesmo a morte localizada pode ter consequências graves. Este estudo sugere que para cada grau de aquecimento acima de 1,5°C, até 12% do norte da Amazônia experimentará mudanças abruptas para baixo no carbono da vegetação.”
A equipe de Exeter também descobriu que muitas das mudanças abruptas detectadas no carbono da vegetação são precedidas por aumentos na amplitude do ciclo sazonal de temperatura, o que é consistente com estações secas mais extremas.
Um estudo relacionado liderado pelo Dr. Paul Ritchie – publicado recentemente na revista Communications Earth & Environment descobriu que a seca na floresta amazônica está associada a aumentos na amplitude do ciclo sazonal de temperatura em modelos e observações.
“A partir de dados observacionais de temperatura, podemos agora inferir que a Amazônia está secando consistentemente há mais de cem anos. Os modelos do sistema terrestre projetam uma secagem contínua no futuro sob o aquecimento global e, portanto, nos dão mais motivos para nos preocuparmos com a mortalidade das florestas tropicais causadas pelo clima”, disse o Dr. Paul Ritchie, também do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade de Exeter.
Como disse o autor sênior, o professor Peter Cox, “juntos, esses estudos fornecem uma base mais sólida para detectar a secagem que pode levar à morte da floresta amazônica, mas também aumentam nossas preocupações sobre a morte da floresta devido às mudanças climáticas“.
Isobel M. Parry et al, Evidence of localised Amazon rainforest dieback in CMIP6 models, Earth System Dynamics (2022). DOI: 10.5194/esd-13-1667-2022. Disponível aqui.
Paul D. L. Ritchie et al, Increases in the temperature seasonal cycle indicate long-term drying trends in Amazonia, Communications Earth & Environment (2022). DOI: 10.1038/s43247-022-00528-0. Disponível aqui.
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Pesquisas revelam que a Amazônia está secando - Instituto Humanitas Unisinos - IHU